segunda-feira, 25 de agosto de 2003

Coluna do Juarez Araújo no AOL

Janeth convocada? Nem ela sabia


Mais uma vez fico surpreso com as notícias que leio sobre o basquete. Primeiro Leandrinho, agora Janeth. A principal jogadora dos últimos 30 anos, atrás apenas das fenomenais Hortência e Paula, Janeth recebeu a notícia com espanto. "Fiquei sabendo da minha convocação por meio da imprensa. Ninguém me telefonou. Não falei com o Grego".


As vezes faço a crítica e aponto o erro. Esse é mais um da atual administração do presidente Gerasime "Grego" Bozikis. Ele acabou com a figura do diretor de seleções, do supervisor. Muitas vezes o técnico é quem fica encarregado disso. É um erro tremendo, porque técnico precisa ficar ligado apenas na preparação da equipe, buscar subsídios para conhecer melhor os adversários. Não pode e nem deve ficar ligando para saber de possibilidades de contar com o atleta.


Nos tempos em que Waldir Pagan Peres era o supervisor do feminino isso não acontecia. Eu entendo que antes de convocar um atleta, ele precisa ser consultado se está em boas condições físicas e técnicas, se o clube vai liberar, ou se ele tem alguma competição importante no período da apresentação. Tudo isso tem que ser checado previamente. O caso do Leandrinho foi quase idêntico; do Anderson a mesma coisa. Sai a convocação e é estabelecido uma data para o atleta se apresentar. Muitas vezes sem ele estar sabendo disso.


Para encerrar o quase abandono da seleção feminina, ai vai o maior espanto da ala Janeth que desde 1986, no Mundial da União Soviética está na seleção brasileira. Ao saber sobre a convocação dela e a notícia vinculada até no site da CBB, afirmando que ela estará se apresentando no México, ela disse. "Muito estranho isso. Não estou sabendo de nada".


Vê se isso acontece no basquete argentino, nos EUA em qualquer parte do mundo. O presidente Grego, além de estar mais preocupado com acertos de patrocínio, está cercado de gente incompetente, de gente que agarra o cargo pela sobrevivência. O basquete feminino, em especial Janeth, merece um pouco mais de consideração pelas conquistas que ajudou a trazer para o Brasil. Pelos patrocínios que chamou a atenção. As conquistas do ouro no Pan de 91 (Havana), pelo título de campeão mundial de 94 (Austrália), pelas medalhas de prata e bronze nas Olimpíadas de Atlanta (96) e a bronze em Sydney (2002).


Ela tem toda a razão quando quer saber em que condições as meninas terão para treinar e jogar o Pré-olímpico. E essas condições, para bom entendedor é grana: a CBB acertou um patrocínio de 2 milhões de reais com a Eletrobrás até a Olimpíada do ano que vem. Será que as atletas terão alguma parte nesse montante? Ai está um bom caminho para resolver o caso com Janeth e Cia.


Juarez Araújo


Fonte:
AOL

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