terça-feira, 30 de setembro de 2003

Janeth: fôlego para Pequim

A ala da Seleção Brasileira de Basquete e estrela da WNBA mostra, aos 34 anos, disposição de juvenil. Ela quer disputar mais duas Olimpíadas antes de parar e confia fazer a final de Atenas/2004


Alegria de jogar e fôlego de uma novata são os dois fatores que fazem Janeth Arcain, estrela da Seleção Brasileira de Basquete e da WNBA (a liga profissional norte-americana), manter o pique e a motivação para jogar até sua quinta Olimpíada, daqui a cinco anos, em Pequim. Aos 34 anos, 17 deles pela Seleção Brasileira e sete jogando nos Estados Unidos, Janeth mal tem tempo para cuidar da vida particular - quando não está na quadra, está na escolinha de formação que leva seu nome. Mas ela garante: "Essa correria é gratificante."

Ela não estava no time que conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos de São Domingos porque estava disputando sua sétima temporada na WNBA, pelo Houston Comets. Chegou ao Brasil e quatro dias depois já estava com a Seleção no México, para disputar o Pré-Olímpico. Treinou apenas uma semana com o grupo e, além do título da competição - que deu ao Brasil a vaga para Atenas/2004 -, a ala foi eleita a melhor jogadora das Américas.

Assim que voltou ao País, na última terça-feira, o que deveriam ser dias de folga foram, na verdade, ainda mais corridos para Janeth. Além de cuidar de seu centro de formação, ela gravou programas e deu inúmeras entrevistas.

Quando consegue se livrar dos compromissos e descansar, ela prefere ficar em seu apartamento em Santo André, onde mora sozinha.

Mas nem mesmo em casa ela se desliga do basquete: por todos os lados estão quadros da jogadora, além de camisas, bolas e troféus no escritório, onde passa a maior parte do tempo navegando na internet. "Sou muito caseira, sossegada. Adoro ficar na internet. Vejo sites de esportes e notícias, respondo perguntas no meu site (www.janeth9.com.br). Antes, até entrava em chats, mas ninguém acreditava que eu era a Janeth do basquete."

O que ela não consegue tirar da cabeça são os Jogos Olímpicos de Atenas, no ano que vem. "É o meu grande objetivo fazer uma final olímpica. Sabemos que podemos jogar de igual para igual com todos os times do mundo. Tanto que em 2004 até abro mão da WNBA para me dedicar totalmente à Seleção."

Para Janeth, esse grupo comandado por Antônio Carlos Barbosa é mais bem preparado que a geração que conquistou a prata em Atlanta/96 e o bronze em Sydney/2000. "Esse é um time mais consciente, está tendo mais experiência do que teve aquele com Paula, Hortência e eu, porque essas meninas de agora já pegaram um Brasil vencedor. Aquela geração de 1996 foi a que abriu as portas do basquete brasileiro para o cenário internacional", ressalta.

Quem pensa que Janeth encerra a carreira após a Olimpíada está enganado: "Em 2005, posso voltar para a WNBA, já que devo ficar de fora ano que vem. Em 2006, teremos um Campeonato Mundial no Rio; no ano seguinte tem o Pan do Rio; e em 2008 vem a Olimpíada de Pequim."

Assim que deixar as quadras, a ala pensa em seguir como dirigente do esporte. "Na escolinha, sou eu quem faz o planejamento de cada aula que tem de ser dada. Me reúno bimestralmente com os professores para conversar sobre como serão as aulas. Não penso exatamente em ser técnica. Não é porque fui boa jogadora que também seria boa como treinadora. O que penso mesmo é em ser dirigente."


ERICA AKIE

Fonte: Jornal da Tarde

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