quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Seleção feminina desembarca em São Paulo


Janeth destaca força e união do grupo


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A Seleção Brasileira feminina de basquete, que conquistou o Pré-Olímpico do México e garantiu vaga nas Olimpíadas de Atenas, desembarcou nesta terça-feira às 6h30min da manhã no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Na bagagem, muita descontração e festa pelo título.

Janeth, a mais experiente do grupo, falou sobre a união do time:

- A Seleção é uma só, todas nós falamos a mesma língua, por isso os resultados sempre saem.
Quando fomos para o México, sabíamos que os adversários seriam só o Canadá e Cuba. Mas quando chegamos por lá, vimos a Argentina, com um time sub-21, quase aprontar para o Canadá - comentou Janeth, que também falou sobre sua participação:

- Quando cheguei, elas falaram "Nossa, que bom, você demorou". Elas estavam precisando de uma líder. Alguém para falar "Vai lá, você consegue". A Adrianinha foi assim. Contra o Canadá, falei para ela dar o máximo. Ela disse: "Mas Jane, eu já estou dando o máximo". Eu respondi "Então dê mais" e ela acertou duas bolas de três no final do jogo que garantiram nossa vitória - falou a ala.

Adrianinha retribuiu o elogio:

- Nos amistosos na Europa, nós conseguimos equilibrar o jogo contra a Rússia e Espanha. E quando voltamos para o Brasil, a Janeth se encaixou muito bem ao time - comentou.

O técnico Antonio Carlos Barbosa ressaltou a importância de mesclar jovens talentos com jogadoras mais experientes no grupo:

- A entrada da Helen e da Janeth no time foi muito benéfica. Deu experiência e consistência para o time.

Hélen e Alessandra, também experientes, concordam.

- A união dessa Seleção é incrível. Eu cheguei depois e fui muito bem acolhida - comentou Hélen.

- Qualquer um dos times que ficou entre os tres primeiros poderia disputar um mundial ou uma Olimpíada. O Brasil está em um patamar acima, mas as outras seleções estão crescendo - disse Alessandra.

No desembarque, no entanto, faltou uma jovem promessa. A maranhense Iziane, de 21 anos, que foi titular pela primeira vez na equipe adulta durante o Pré-Olímpico, foi direto para a Europa. Ela está sem ver os pais desde o ano passado, após o Mundial, pois desde então jogou na França e na WNBA, sem voltar ao país. Agora, está indo para mais uma temporada na Europa.


Janeth rumo a Pequim

Título no Pré-Olímpico empolga a veterana que, aos 34 anos, já fala nos Jogos de 2008


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Janeth terá 40 anos nas Olimpíadas de Pequim, em 2008. A idade pode parecer avançada para atletas de alto nível, mas não deve impedir a jogadora de disputar sua quinta Olimpíada. Hoje, aos 34, ela já se prepara para a quarta participação, em Atenas (GRE).

– Meus planos na Seleção vão até 2006, com as Olimpíadas de Atenas, no ano que vem, e o Mundial no Brasil, em 2006. Mas em 2007 vamos ter o Pan-Americano do Rio de Janeiro. E as Olimpíadas serão logo depois. Não quero fazer planos, mas hoje, depois desse título (do Pré-Olímpico), com certeza teria motivação para isso – avisou a atleta.

A ala foi a melhor jogadora do Pré-Olímpico do México, que terminou no último domingo, e mostrou, em quadra, a mesma precisão e empolgação de outros tempos. O desempenho foi tão bom que rendeu elogios do técnico da Seleção, Antonio Carlos Barbosa.

– Eu nunca tinha visto a Janeth chegar tão bem na Seleção. A condição física e técnica que ela apresentou foram excepcionais – disse.

A reserva Micaela, considerada por Barbosa a peça que faltava para suprir o vácuo de alas da Seleção, também voltou impressionada. Titular no Pan e no Sul-Americano, Micaela não se importou com o banco no México.

– Sou a reserva da Janeth, não a substituta. Nem tem como a substituir. A mulher joga muito. É quase eterna – afirmou.

Agradecendo os elogios, Janeth comenta a recepção que a equipe teve no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em Cumbica.

– É sempre emocionante ser recepcionada com tanto carinho. Fizemos o nosso trabalho e vamos continuar com o mesmo entusiasmo e dedicação agora com o objetivo de conquistar a terceira medalha olímpica do basquete feminino brasileiro.


Em busca de espaço


Jovens, como Iziane , ganham espaço, mas Janeth continua absoluta como cestinha do time


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A Seleção Brasileira feminina de basquete sempre teve seus ícones. Paula e Hortência, na geração campeã mundial. Janeth, na conquista do bronze olímpico. Hoje, a Seleção, campeã do Pré-Olímpico no último domingo, vive uma troca de guarda. Ao lado de veteranas, como Janeth e Alessandra, “novatas”, como Kelly e Iziane, conquistam espaço.

A maranhense Iziane, de 21 anos, é o maior exemplo. O Pré-Olímpico foi a primeira competição em que ela foi titular da equipe adulta. Desbancou Helen, 30 anos, integrante do quinteto inicial do Brasil desde 1999.

No México, ela jogou, em média, 23,9 minutos, e foi a segunda cestinha do Brasil, com 69 pontos (17,3 por jogo). O salto em relação ao Mundial de 2002, a última competição do Brasil com o time completo, foi grande. Na China, suas médias foram de 12,2 minutos e 4,9 pontos.

Outra que experimentou um papel maior na equipe do técnico Antonio Carlos Barbosa foi a pivô Kelly, 23. Apesar de não ter sido titular do garrafão verde-amarelo, entre as atletas da posição ela foi a que mais jogou (22,5 minutos) e a que mais pontuou (10,8). Sua ascensão vai de encontro ao desempenho fraco de Alessandra, que perdeu parte do treinamento da Seleção neste ano se recuperando de uma operação para extração do apêndice, realizada em junho.

No mundial, a veterana pivô de 30 anos foi a melhor brasileira, marcando 16,2 pontos e jogando 28 minutos. No México, os números caíram para 5,3 e 15,5, respectivamente.

Apesar da ascenção das jovens, uma veterana não teve seu papel alterado. Janeth, 34, foi eleita a melhor jogadora da competição, foi a brasileira que mais jogou (31,5 minutos) e ainda foi a segunda cestinha do Pré-Olímpico, com 97 pontos, atrás da dominicana Juana Duran, com 107.

– Para mim, com 34 anos, ser eleita a jogadora mais valiosa de uma competição com tanta garotada é fantástico. Mostra o amor que eu tenho pela Seleção – diz.


Leila: retorno em alto estilo

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A ala-pivô Leila Sobral, de 28 anos, foi uma das que mais comemoraram a conquista do Pré-Olímpico e da vaga para Atenas. Este foi seu primeiro título depois de quatro operações no joelho esquerdo e mais de três anos fora das quadras.

– Fiquei muito emocionada. Foi como se tivesse ganhado meu primeiro título pelo Brasil. Depois de quase quatro anos longe das quadras por causa de uma contusão, agradeço a Deus e à comissão técnica pela minha volta à Seleção Brasileira. Sei que não estou 100% mas fiz o meu melhor. Sinto um sabor de superação – disse.

O calvário da atleta começou no Pan-Americano de 1999, em Winnipeg (CAN). No jogo contra as donas da casa, ela lesionou gravemente o joelho esquerdo. Na volta ao Brasil, tentou jogar, mas agravou a lesão. Passou pelas cirurgias e chegou a pensar em abandonar o esporte. Nessa época, abriu um processo de indenização contra o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e a Confederação (CBB), mas não foi à frente com a ação.

Ela só voltou a jogar no começo deste ano, pelo time de Santo André, comandada pela assistente técnica da Seleção, Laís Elena. Quando anunciou as jogadoras para a temporada, em maio, o técnico da Seleção, Antonio Carlos Barbosa, explicou que a convocação de Leila era uma aposta e um incentivo à jogadora. No Pré-Olímpico, veio a resposta. Ela jogou 77 minutos em quatro jogos, fazendo 33 pontos.


Fonte: Lance!


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