sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

Equipe conquista campeonato inédito ao acabar com a invencibilidade do Ourinhos, da ala Janeth, em seu ginásio

Nacional fecha ano perfeito de Americana



LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL


O Americana bateu o Ourinhos por 83 a 74, ontem à noite, no ginásio do adversário e conquistou o Nacional feminino de basquete pela primeira vez na história.
Foi o quarto título do time de Paulo Bassul na temporada de 2003 -que só foi encerrada no início deste ano. Americana já havia vencido o Campeonato Paulista, os Jogos Abertos do Interior e os Jogos Regionais.
Depois do final da partida, as jogadoras, em prantos, dedicaram a vitória à armadora Regininha, morta num acidente de carro em outubro do ano passado.
"Ela [Regininha] é o espelho do nosso empenho em quadra", declarou a pivô Ega, que morava com a armadora.
As jogadoras de Americana revelaram que entraram em quadra incomodadas por algumas declarações das adversárias, que até ontem tinham um retrospecto de 100% no ginásio Monstrinho, em Ourinhos. "Nenhum título é conquistado na véspera. Quebramos o tabu e vencemos na cada delas", afirmou a pivô Geisa.
A vitória de Americana ainda deu à pivô reserva Kelly Cristina um recorde. Ela é a única jogadora que tem quatro títulos do Nacional feminino. Janeth, com três, disputava a marca inédita.
Entretanto, se forem levadas em conta as conquistas que a ala do Ourinhos obteve na Taça Brasil -competição disputada antes da adoção do atual formato do Nacional-, Janeth permanece como a atleta com mais títulos brasileiros: oito. Hortência tem sete.
Assim como ocorreu na terceira e na quarta partidas da série final, o jogo de ontem foi muito disputado. A diferença final, de nove pontos, foi a maior distância que Americana conseguiu livrar no placar durante todo o confronto.
Ao longo do segundo quarto, Americana chegou a ter oito pontos de vantagem, mas Ourinhos se recuperou e terminou a primeira metade da partida apenas quatro pontos atrás (40 a 36).
O time da casa voltou do vestiário marcando melhor e conseguiu virar o jogo durante o terceiro quarto, com Janeth arremessando a maioria das bolas. Mas nunca chegou a controlar o marcador.
No último quarto, Bassul orientou sua equipe a marcar a pioneira do Brasil na WNBA individualmente. Irritada com a pressão adversária, Janeth também aumentou sua agressividade defensiva e acabou a partida com cinco faltas.
No final, com cinco pontos à frente, Americana só controlou o relógio, gastando quase todo o tempo destinado ao ataque. Ao adversário restou a estratégia de fazer faltas no final. Mas a armadora Jacqueline não desperdiçava os lances livres.
Terminada a partida, ela desabafou: "Esse é o título da dedicação. Treinamos até em feriados. E o esforço foi recompensado".
Bassul atribuiu o título à partida de anteontem em Americana, da qual seu o time saiu vitorioso por 86 a 84. "Anteontem, disse às jogadoras que, se sobrevivêssemos àquela partida, seríamos campeões. Foi o que aconteceu", finalizou o treinador.

SAIBA MAIS

Técnico usou mesma tática no Mundial sub-21

DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico de Americana, Paulo Bassul, utilizou no decorrer do Nacional Feminino a mesma filosofia que rendeu à seleção brasileira sub-21 sob seu comando o vice-campeonato do último Mundial.
Na Croácia, Bassul mostrou que uma equipe brasileira pode prescindir de grandes talentos individuais e ainda ser competitivo. Como o treinador disse depois da conquista, "a seleção brasileira brilhou porque "trancou o eu na gaveta".
Durante o Mundial, pelo menos 10 das 12 convocadas entraram em quadra a cada jogo. As titulares (Ana Flávia, Nathália, Silvia Cristina, Flávia e Érika) não chegaram a atuar 24 minutos por partida.
No envelhecido time-base do Mundial de 2002 adulto, por exemplo, a média superou 28.
Ao final da partida de ontem, Bassul fez questão de comemorar suas últimas conquistas como um conjunto, e não como conquistas separadas.
Em ambas as competições, a fórmula empregada por Bassul foi mais ou menos a mesma: cautela, com muita marcação, e feijão-com-arroz. "Era o título que faltava para coroar um ano magnífico", vibrou o técnico após obter o título até então inédito para Americana. "Jogamos pela Regininha, que agregava as atletas."


Fonte: Folha de São Paulo

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