domingo, 25 de janeiro de 2004

Paulo Roberto Bassul



O ano de 2004 começou muito bem para o técnico do Unimed/Americana, Paulo Bassul, que acaba de conquistar o título inédito do Campeonato Nacional Feminino. No playoff final, Americana derrotou o Pão de Açúcar/Unimed/Ourinhos por três a dois. Esse feito vem coroar a excelente fase de Paulo Bassul, que está comemorando 20 anos de carreira. Em 2003, ele comandou a equipe de Americana na conquista dos títulos do Campeonato Paulista, Jogos Regionais e Jogos Abertos e ainda foi vice-campeão mundial com a seleção brasileira sub-21 feminina.


O que significa o título do Nacional em sua carreira?

Muito. Primeiro porque era o único título no Brasil que me faltava. Já tinha conquistado títulos no Campeonato Paulista em todas as categorias desde o mini até o principal, Jogos Regionais, Abertos e ainda não havia conquistado o Nacional. Em segundo lugar pela maneira que o título foi conseguido, superando uma equipe fantástica e virando o placar no último quarto do quinto jogo, fora de casa.


Qual foi o momento mais difícil da competição. Como fez para superá-lo?

Na verdade foram dois. O primeiro foi a morte da Regina, após a primeira rodada, que deixou a equipe muito abatida. Eu nunca tinha passado por isso em 20 anos de carreira. O que nos fez superar essa perda foi a determinação em homenagear o caráter e o alto astral dessa ótima companheira. O segundo foi no penúltimo jogo da final, em Americana, quando Ourinhos vencia a série por dois a um e vínhamos de uma derrota por apenas um ponto. As duas pivôs titulares fizeram três faltas no final do primeiro quarto. Foi um momento crucial do jogo. As reservas suportaram a pressão, a equipe se portou maravilhosamente bem e terminou o primeiro tempo em vantagem.


Como você trabalhou para reverter esse favoritismo de Ourinhos e vencer a competição?

O meu primeiro passo foi falar abertamente para o grupo que Ourinhos era realmente favorita, mas numa distância que podia ser alcançada com muito treinamento e um jogo coletivo. Depois, comparando as estatísticas das duas equipes, fui mostrando para as atletas como elas evoluíram Por exemplo, Ourinhos terminou o turno com 1,56 de cesta average e nós com 1,26. No segundo turno elas fizeram 1,35 e nós 1,36. Isto tudo foi sendo mostrado para o grupo e elas passaram gradativamente a entender que o título era possível.


E os destaques da sua equipe?

Tivemos muitas meninas se destacando em diversos aspectos. A armadora Jacqueline nas assistências e na organização da equipe. A ala Micaela, que mostrou grande regularidade em vários fundamentos, sobretudo nos arremessos. As pivôs Ega e Geisa se entrosaram muito bem debaixo do garrafão, se destacando nos rebotes. A ala Lílian contribuiu demais com seus arremessos de três pontos e jovens valores, como a armadora Karen, a ala Sílvia e a pivô Kelly Cota deram conta do recado.


Faça uma análise do Nacional Feminino 2003.

Acho que foi um Campeonato fortíssimo mostrando que o basquete feminino do Brasil não está entre os melhores do mundo por acaso. Com a saída de dezenas de jogadoras para o exterior e a falta de dinheiro para contratar estrangeiras posso afirmar que o nível das partidas nestas finais superou todas as expectativas e o envolvimento do público e da mídia prova isto. E ainda tivemos a oportunidade de ver grandes jogadoras e novos valores surgindo. Silvinha, Janeth e Érika formaram um trio fantástico em Ourinhos, que ainda contou com bons momentos da Ana Flávia. A Cíntia Luz e a Patrícia fizeram uma bela competição por Uberaba. A equipe de São Caetano fez um ótimo trabalho com o amadurecimento de algumas jogadoras como a Fabiana e a Alessandra, além da regularidade da Fernanda e da Luciana. No Santo André, Leila e Chuca foram os destaques. Impressionante o espírito de luta da Vívian e também gostei de várias atuações da Gigi. No São Paulo/Guaru, achei significativa a evolução da Palmira e gosto do atrevimento da Karla e da presença da Kátia Denise.


Fale um pouco sobre sua carreira.

Estreei no Motonáutica, de Brasília. Eu jogava na equipe Infanto do clube e o técnico do adulto, Geraldo, me convidou para pegar o mini masculino. Eu estava com 16 anos. Aceitei na hora e, no ano seguinte, fui convidado pela AABB (DF) para montar o time feminino. Em 1989, treinei minha primeira equipe adulta, a AABB (DF). No ano seguinte, fui técnico da seleção adulta feminina de Brasília no Campeonato Brasileiro de seleções, onde fui convidado para trabalhar com a Maria Helena Cardoso, em Piracicaba. Aí começou minha carreira no Estado de São Paulo.


Quais os planos para o futuro?

Investir no meu trabalho e me aprimorar sempre. Sou muito autocompetitivo, nunca me perdôo quando repito algum erro. Mas tenho que confessar que o "ouro olímpico" é quase que uma obsessão.


Deixe uma mensagem para os iniciantes no basquete.

Dedicação total para expandir seus limites e se aprimorar e utilizar este progresso sempre em benefício da equipe.

Fonte: CBB

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