domingo, 22 de fevereiro de 2004

Marta vira a página e quer projeto social

Por Marta Teixeira


Vice-campeã (Atlanta-96) e medalha de bronze (Sydney-2000) olímpica, a pivô Marta Sobral deixou de vestir a camisa da seleção brasileira desde os jogos da Austrália, mas nunca se afastou do basquete. Fora das quadras desde o final do ano passado, Marta quer usar sua experiência como atleta para explorar outra área: quer implantar um projeto social através do esporte.

Com um projeto pronto em baixo do braço e a vontade de ajudar jovens a conseguir o que de melhor a vida puder oferecer ela se dispõe a peregrinar pelo país em busca de apoio. Comunicativa e bem-humorada, Marta não esconde a animação com a perspectiva de fazer a diferença com sua iniciativa.

Por enquanto, tudo está apenas no papel. Mas ela já levou o projeto para várias Prefeituras no Rio e em São Paulo e fez contatos até no Planalto. "Não importa o lugar. Se me mandar para o Acre eu vou", diz determinada. "O que eu quero é que outras pessoas tenham a mesma oportunidade que eu".

A proposta da pivô é conseguir convênio com alguma Prefeitura para implantar o projeto em escolas. "Mas não é para trabalhar só com os alunos e sim com o bairro", explica.

O alvo são jovens de 5 a 19 anos, meninos e meninas, passando o que aprendeu. "Vamos começar com o basquete e depois incluir outras modalidades. O basquete anda muito esquecido, conhecida hoje só tem a Janeth", questiona.

Marta resolveu incluir adolescentes mais velhos no programa por acreditar que eles precisam de atenção especial. "São muitos os que ficam na rua e essa idade é que é mais complicada", explica sem se preocupar em descobrir apenas novos campeões.

A busca de parceiros para a iniciativa começou no final de 2003. Em novembro, a pivô voltou ao Brasil após quase cinco meses na África. "Fui contratada por Maputo para o Campeonato Africano." Mas na quadra mesmo, Marta pôde ficar pouco tempo. "Fiz dois jogos no Congo e sofri uma lesão no tendão de Aquiles com dez dias de Campeonato". Marta teve que passar por uma cirurgia e não voltou para o torneio.

O resto do contrato ela acabou funcionando como "assistente do assistente técnico", brinca. Nesse meio tempo, ela acabou descobrindo um outro lado da África. "A gente só vê falar na pobreza, Aids. Mas não tem só isso. Me apaixonei pela cidade".

Na África, a pivô aproveitou para fazer turismo e ainda teve a oportunidade de conseguir contatos importantes para seu atual projeto. "Visitei o Parque de Limpopo (reserva ecológica na África do Sul) e é maravilhoso", lembra encantada. Na África do Sul, para onde foi ser operada, Marta teve um encontro inesperado com o ministro dos esportes Agnelo Queiroz, e com o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva.

"Fui com um amigo a uma palestra e a Benedita (a ministra da Ação Social Benedita da Silva) me reconheceu. Ela me conhecia da Olimpíada de Atlanta. Ela me viu e foi falar comigo, o Agnelo estava do lado e levantou para me cumprimentar. Imagina, menina", diz rindo. "Me apresentaram ao presidente, que beijou minha mão", encanta-se a jogadora. "Eu fui falando para o amigo que estava comigo: Oswaldo, bate a foto", ri.

O encontro casual rendeu mais esperanças de obter apoio ao seu projeto social. "Eu e o presidente temos uma história parecida. Aprendi a jogar basquete em quadra de cimento com bola de capotão. Nós dois viemos do ABC, e conquistei as coisas com muito trabalho. Ele também".

A primeira coisa que Marta fez quando voltou ao Brasil foi procurar o ministro para apresentar seu projeto. "Liguei para o ministro, que disse ser esse o objetivo do PT. Mandei o texto para ele". Agora, ela espera uma resposta do Governo Federal ou de uma das Prefeituras com as quais já fez contato para colocar as mãos na massa.


Fonte: Gazeta Esportiva

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