segunda-feira, 26 de abril de 2004

Barbosa quer virar prefeito!!!

Realmente, nada me assusta mais no basquete feminino.

No ano em que o Brasil disputará as Olimpíadas de Atenas no basquete feminino, o técnico Antônio Carlos Barbosa, que a CBB insiste em manter no cargo depois de oito anos de histórias mal-contadas e estabanadas, tem outros planos.modificado do Arquivo da Confederação Brasileira de Basquete

Como se não fosse suficiente nessa altura dos acontecimentos comandar um time que tem a obrigação de convencer depois da ridícula participação no Mundial da China, Barbosa quer mais emoção que isso.

Barbosa quer virar prefeito de Bauru!

Não, eu não estou louco.

Barbosa quer virar prefeito de Bauru!

E o que eu tenho a ver com isso?

Nada!

Absolutamente nada.

Que Barbosa queira ser prefeito de Bauru, Ministro da Indonésia ou vereador em Caruaru, tudo é problema dele.

O que não dá para aceitar é que um técnico estranhamente centralizador como Barbosa, que descarta a assistência de auxiliares, dispensa até a tradicional roupeira da seleção e acumula 1000 funções: de técnico da seleção juvenil à adulta e sub-21, em pleno ano de Olimpíadas, vá se dedicar a compromissos eleitorais.

Inadmissível isso.

Será uma patetada se a CBB permitir uma loucura dessas.

E as implicações éticas disso?

Um técnico pode usar sua equipe para fins eleitoreiros?

Um técnico pode usar a pátria e o sentimento olímpico para fins eleitoreiros?

Barbosa quer virar o Zeca Pagodinho da vez?

Realmente não sei o que dizer.

Provavelmente as transmissões do basquete feminino vão ser vetadas, pelo menos para Bauru. Ou o candidato a prefeito pode aparecer na TV em véspera de eleição?

Não sei.

Só sei que há 2 meses da eleição (as olimpíadas serão em agosto), quem me garante aonde estará a cabeça de Barbosa?

Se nas urnas, tudo bem.

Que Barbosa vá cuidar delas então desde hoje. Vá cuidar de seu partido, de suas alianças, de verbas pra campanha, assunto que ele já menciona em matéria do Jornal da Cidade. Vá cuidar disso tudo e entregue o cargo à Confederação Brasileira de Basquete. E então, que a CBB o entregue a quem tiver maior competência ou menos compromissos em 2004.

Talvez, essa seja a grande vocação de Barbosa: ser político.

Acredito sinceramente que ele se dê melhor em escalar uma equipe política que uma de basquete.

E deve ser igualmente superior em estabelecer cortes nos gastos públicos do que cortes de atletas.

Espero que a decisão de Barbosa não demoro, pois acredito que o técnico carrega intenções imcompatíveis e perigosos para um mesmo e único ano.

Que o basquete feminino não pague por esse acúmulo de cargos e objetivos.

Não será possível tolerar um técnico de uma seleção olímpica sair mais cedo do treino para encontrar os colegas de partido, para elaborar a proposta de governo ou, quem sabe, uma visita à periferia, onde Barbosa quer se fortalecer.

Acho que isso é tudo o que tenho a dizer.

Por hoje, pelo menos.

Para quem acha que eu fiquei louco ou bebi conhaque, a prova vem a seguir, em matéria publicada há exatos 10 dias, no Jornal da Cidade, de Bauru (SP):

Barbosa se dispõe a ser candidato

O ex-secretário de Esportes disse que aceita discutir a indicação para ocupar a vaga de Rosa e Izzo Filho na à prefeitura

O ex-secretário municipal de Esportes na gestão de Izzo Filho, entre 1989 e 1992, Antonio Carlos Barbosa (PHS) disse, ontem, que se dispõe a ser candidato à prefeito pelo grupo liderado pelo ex-prefeito. A indicação de Barbosa foi feita em reunião realizada na última quarta-feira com cerca de 70 pré-candidatos a vereador que compõem os partidos PHS, PRTB, PT do B, PTN, PSL e PDC.

Barbosa confirma que sua indicação surge no momento em que o próprio Antonio Izzo Filho, além de sua esposa Rosa Izzo, informaram ao grupo político que integram a decisão de não participar da disputa municipal. “Na reunião foi anunciada a inviabilidade da candidatura do Izzo por causa das questões judiciais que ele enfrenta. O próprio Izzo já vinha dizendo nas reuniões que se não fosse ele e a Rosa, o meu nome seria apoiado por ele”, comenta o técnico de basquete.

A aceitação da candidatura, porém, depende de pelo menos dois aspectos. “Eu me disponho a participar pelo grupo, mas deixei claro que minha prioridade é a participação na Olimpíadas de Atenas, neste ano. Outra questão é a viabilização financeira para a estrutura de campanha”, pondera.

Mas Barbosa acha que, mesmo estando fora de Bauru entre junho e agosto próximos, há condições de ser candidato. “Em junho começo a treinar a seleção feminina de basquete. Entre 29 de julho e 29 de agosto estarei em Atenas. Mas dá para participar com chances se tudo for resolvido já, com estratégia definida”, conta.

Se confirmada sua candidatura, Barbosa considera que pode ocupar o espaço pavimentado por Izzo junto à periferia da cidade. “Sou conhecido nas classes mais elitizadas e tenho contato com a periferia. Preciso colar meu nome no do Izzo na periferia”, define.

A definição sairá até o final do mês, segundo Barbosa. “O grupo está cuidando dessas questões e eu vou consultar a Confederação Brasileira de Basquete, com quem tenho compromisso profissional. Além disso, tenho que ver se meu nome emplaca. Me disponho porque acredito no programa traçado pelo Izzo e me coloco em condição de cumpri-lo”, menciona.


Julgamento no TJ

O anúncio da desistência de Izzo Filho de disputar a prefeitura nas eleições deste ano vem no momento em que o Tribunal de Justiça do Estado (TJ) dá dois votos favoráveis à prisão do ex-prefeito. Ele foi sentenciado à nove anos de reclusão, em primeira instância, no processo em que é acusado de formação de quadrilha e crime de incêndio por atentados praticados contra vereadores em 1999.

O relator do processo, desembargador Dônega Morandini, já havia manifestado seu voto pela manutenção da condenação. Ontem, o desembargador Barbosa Pereira, também decidiu pela mesma sentença. Falta apenas o voto do terceiro desembargador, Gomes de Amorim, que pediu vistas do processo, adiando a conclusão do julgamento.

Se confirmada a sentença, Izzo Filho terá expedido novo mandado de prisão, tendo que se recolher ao sistema penitenciário local para depois tentar novo recurso contra a decisão. O ex-prefeito cumpriu quatro anos de prisão em cela especial por ter sido sentenciado pela Justiça Federal local em processo que discutiu desvio de finalidade na aplicação de recursos para o programa dos Lotes Urbanizados, em 1991.

O advogado do ex-prefeito, Ailton Gimenez, não foi localizado, ontem, para comentar a situação jurídica do caso. Com dois votos pela condenação, o ex-prefeito poderá não reunir condições de liberdade durante a disputa eleitoral. De outro lado, duas sentenças definitivas já impedem que Izzo Filho dispute cargos eletivos pelos próximos anos.

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