sábado, 29 de maio de 2004

Rio-2012: Um fracasso anunciado

Eduardo Vieira e Luís Lima

Apesar de o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) apontar a violência como a principal causa da derrota da candidatura do Rio de Janeiro, o relatório do Comitê Olímpico Internacional (COI) traduz a verdadeira causa do fiasco, que custou pelo menos US$ 1 milhão aos cofres públicos. O documento do COI afirma que faltou consistência ao projeto da Rio-2012, considerado irreal, em razão dos ilusórios argumentos. A exclusão do Rio abre um debate sobre a política esportiva do COB. Segundo a jogadora Paula, hoje no Brasil se privilegia o esporte de alto-rendimento, sem se preocupar com a massificação. A estrela do basquete já previa a derrota, pois os interesses pessoais falaram mais alto que os esportivos. Isso, na sua opinião, foi a principal causa para o decepcionante desempenho do esporte brasileiro nas últimas Olimpíadas.

"O que movia a candidatura da Rio-2012: os interesses esportivos ou a ganância de algumas pessoas?" Com essa pergunta, Magic Paula, ex-estrela da Seleção Brasileira de basquete, demonstrou a sua insatisfação com a construção da candidatura olímpica do Rio de Janeiro e a política esportiva adotada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que, segundo ela, prioriza eventos grandiosos, sem se preocupar em oferecer condições mínimas de treinamento aos atletas.

"Desde o início percebemos que era uma candidatura irreal, um projeto muito mal feito. Não adianta culpar a violência se em outros itens o Rio recebeu notas muito baixas. Até porque violência existe em todas as cidades grandes. Tentaram construir um castelo num terreno de areia que logo desmoronou", disse Paula.

Ela explicou que antes de se candidatar a receber tais eventos o Brasil precisa pensar numa política esportiva.

"O que adianta receber um Pan se algumas federações não realizam competições por não ter verba para a taxa de arbitragem? Fica a impressão de que apenas a ganância movimenta essas pessoas, que sonham com eventos monstruosos. Até que ponto se leva em consideração o aspecto esportivo?", indagou.

Magic Paula lembra os gastos feitos com a candidatura: "Falam em três milhões e até 16 milhões. Não existem números precisos, mas era um dinheiro que poderia ter sido investido na estrutura esportiva do país."

Ilusão — Insatisfeita com a política esportiva, Magic Paula se desligou do Ministério do Esporte por não concordar que autoridades governamentais tivessem suas despesas no Pan de Santo Domingo pagas pelo COB.

"Querem tapar o sol com a peneira. Falta tudo para uma massificação do esporte. Vivemos de fenômenos e não souberam aproveitar o sucesso de Guga para divulgar o tênis. Dou os meus parabéns à Confederação de Ginástica, que se preocupa em formar novos talentos e melhorar a estrutura. Os que decidem pelo esporte querem apenas se promover e vender ilusões ao povo", disse Magic Paula.


Fonte: Jornal dos Sports

Nenhum comentário: