sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Paulo Bassul deixa Seleção feminina

São Paulo - Divergências táticas e técnicas com o treinador Antônio Carlos Barbosa foram os maiores motivos para que Paulo Bassul deixasse o cargo de assistente-técnico da Seleção Feminina de Basquete, que voltou dos Jogos Olímpicos de Atenas, em agosto, com a quarta colocação. A saída do assistente, apontado como sucessor de Barbosa, pode gerar crise no grupo, já que Bassul é o integrante da comissão técnica mais querido das jogadoras.

“Não permaneço como assistente. Estou esperando o Grego (Gerasime Bozikis, presidente da Confederação Brasileira de Basquete) voltar da Europa para conversamos sobre Seleção. Saí por uma série de fatores, mas o principal é que estou desgastado para a função de assistente-técnico. Eu já estava vendo as coisas como técnico, não estava somando. Estava dividindo. Mas estou saindo sem nenhuma briga”, diz Bassul, que dirige o time de Americana.

Teoricamente, o ex-assistente assumiria o cargo após os Jogos de Atenas, mas Grego definiu que Barbosa ficaria no cargo até 2006. Nos bastidores, especula-se que o técnico da Seleção Feminina deveria morar no Rio de Janeiro – e trabalharia em time a ser montado através da prefeitura de César Maia, por conta do Mundial do Rio/2006 e do Pan do Rio/2007. O treinador da Seleção Masculina, Lula Ferreira, já fica em São Paulo: é do COC/Ribeirão Preto. “Não entro nesse mérito, nessa história do Rio de Janeiro. Fiz o que tinha de fazer”, afirma o treinador.

Paulo Bassul deixa claro que não saiu brigado, muito menos com o atual técnico da Seleção. “Saio porque o momento é este. O Barbosa precisa de um assistente motivado para o Mundial”, disse. Sobre a proposta de assumir como próximo técnico, o ex-assistente ressalta: “Sim, fico aberto para o convite. O Grego disse que eu assumiria a Seleção, mas nunca deu uma data. Se um dia for chamado, quero entrar pela porta da frente e colocar minha filosofia de jogo em quadra.”

Bassul estava no cargo de assistente da Seleção há seis anos. “No começo, achei que as divergências diminuiriam. Mas só aumentaram. São apenas visões de jogo diferentes, por isso preferi sair da Seleção. Comecei a ver o trabalho com uma visão mais crítica.”

Para Janeth, se Paulo Bassul – vice-campeão mundial com a Seleção Juvenil, na Croácia/2003 – não assumur a Principal será “uma perda muito grande”. “Ele também é vencedor, ele também tem condições”, disse a lateral, que prefere não falar de divergências técnicas ou táticas entre os dois treinadores.

Sobre a Seleção Feminina, Janeth diz que o primeiro a se fazer é a CBB “repatriar as jogadoras”. Ela mesma diz ainda não ter nada decidido, porque competições como Mundial e Olimpíada ainda estão muito longe – 2006/2008. Sobre clubes, espera apresentar uma decisão depois do feriados.

Por enquanto, fica no banco na decisão do título paulista mirim (até 14 anos), marcada para sábado, às 16h30, no clube da Firestone, em Mauá: sua equipe, a CFE (Centro de Formação Esportivo) Janeth Arcain faz o terceiro jogo da melhor-de-três da final contra São Caetano.

Erica Akie


Fonte: Estadão


Comentários:

Bassul está pulando fora de um barco prestes a afogar, que é a seleção brasileira feminina de basquete. Uma atitude corajosa e sensata da parte dele, já que vinha tendo sua capacidade desperdiçada na mediocridade do comando de Antônio Carlos Barbosa. Quem entende um pouquinho de basquete, sabe da importância de Bassul para a seleção. Sabe que ele era a única referência para as atletas, que, em sua maioria, odeiam Barbosa e o espinafram. Sabe que o assistente foi fundamental pra "colocar a casa em ordem" no Pré-Olímpico, após a estapafúrdia campanha no Pan, onde Barbosa foi sozinho, deixando Laís no Brasil, e Bassum, com a sub-21 no Mundial.

Realmente, não sei quem vai ter a coragem e o estômago para ser assistente de Barbosa nesse momento.

A crise, até então velada, agora explodiu.

Nos bastidores, muitas jogadoras afirmam que não se apresentarão caso Barbosa continue no comando da seleção.

Um bom começo. Ou fim.

Mas entre falar e fazer, há uma grande distância.

Continuamos na espera...





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