terça-feira, 25 de janeiro de 2005

“Não vou fazer do Centro trampolim para nada”

ALESSANDRO LUCCHETTI

Paula reassume a diretoria do Centro Olímpico do Ibirapuera dizendo que sua ambição, no cargo de segundo escalão, é ser de alguma forma útil ao esporte
A casa é modesta e antiga, mas está arrumadinha. Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, 42 anos, reassumiu esta semana a diretoria do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa do Ibirapuera depois de ter promovido a faxina mais drástica, em sua primeira passagem pelo cargo, de 2001 a 2003. Paula deixara o centro para assumir a Secretaria de Esporte de Alto Rendimento, a convite do ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.

Frustrada com sua passagem por Brasília, a ex-jogadora de basquete diz que abraça o cargo de segundo escalão, como o próprio prefeito José Serra a ele se refere, com a certeza de que pode ajudar a fazer algo pelo esporte.


DIÁRIO — Como você compara este momento, em que assume a diretoria do Centro, àquele de quatro anos atrás, quando chegou aqui?

Paula — Este momento é bem mais tranqüilo. Já temos um conhecimento de como anda a máquina. Não vivemos mais aquele sufoco de encarar todas as instalações deterioradas, mas ainda está longe do que a gente quer.

Como você quer ver o Centro quando chegar ao fim esta sua passagem por ele?

O Centro Olímpico pode ser bem mais do que é, pode até funcionar como um Centro de Treinamento para seleções de categorias menores, mas é necessário modernizar suas instalações. Nós não conseguimos também segurar os atletas que formamos aqui. Perdemos 123 atletas no ano passado. Não temos recursos para oferecer uma ajuda de custo, apenas passes para o transporte e um lanche. Mas minhas metas principais são duas: aumentar o número de modalidades oferecidas — hoje temos 11 — e melhorar as instalações.

Serra está fazendo cortes orçamentários e vem apregoando um discurso de austeridade. Como você vê a perspectiva de conviver com essas limitações de dinheiro?

Temos uma verba de uma parceria com o Ministério, de R$ 1 milhão. É exigida uma contrapartida da prefeitura de R$ 200 mil para que haja a liberação. O Serra autorizou a fazer. Ele disse que não se pode desperdiçar uma verba pública que já foi conseguida. Mas não tenho medo de trabalhar sem dinheiro. No meu primeiro ano aqui, 2001, não tive orçamento nenhum. Fizemos parcerias interessantes com a Unifesp, por exemplo. Vou ter de usar a criatividade, isso não vai me impedir de trabalhar.

Você deixou o Centro Olímpico para assumir um cargo no Ministério. Quais são suas ambições agora?

Minha proposta é trabalhar. Não tenho ambições, senão realizar alguma coisa pelo esporte. Aqui eu posso ser útil. O Centro Olímpico para mim não é trampolim para nada. Quero me realizar aqui, um lugar onde eu já estive e coloquei as coisas para funcionar, um lugar que tem a minha cara. Em Brasília me cobravam um perfil político. Eu quero fazer, não dizer.

Qual o legado que te deixa a Ana Moser? (diretora do Centro no final do mandato de Marta Suplicy).

Ela aperfeiçoou algumas coisas. O trabalho tem continuidade. Até minhas gavetas estão como deixei.

Fonte: Diário de São Paulo

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