sábado, 23 de abril de 2005

Os 12 trabalhos não feitos por Grego

Alessandro Lucchetti


Quem disse que o basquete não figura como destaque dentre as modalidades olímpicas no Brasil? O esporte é o primeiro na lista preparada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) que aponta aspectos considerados ideais na gestão das modalidades e não atendidos pelas confederações nacionais esportivas. A entidade presidida por Gerasime Bosikis, o Grego, apresenta 12 lacunas na forma como se estrutura. As duas mais gritantes são a inexistência de um departamento de seleções e outro de competições.

Os dados foram apresentados esta semana, no Rio, no planejamento das equipes brasileiras para o atual ciclo olímpico. A meta declarada pelo COB é aperfeiçoar o trabalho das confederações visando a uma maximização de performance nos Jogos de Pequim/2008. O presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, alega que o trabalho foi feito pela primeira vez este ano, porque se trata do primeiro ciclo inteiramente beneficiado pelos recursos oriundos da Lei Agnelo/Piva. Claro que a justificativa não cabe - esse tipo de diagnóstico já poderia ter sido feito muito tempo antes.

O diagnóstico chega atrasado, mas antes tarde do que nunca. A demora cobra um preço. Por exemplo: ainda que um departamento de competições venha a ser criado, essa repartição já nascerá com as funções esvaziadas, justamente porque a inapetência da CBB para organizar o Nacional deu origem à Nossa Liga de Basquete.

A falta de um departamento de seleções é mesmo grave. Qual é a lógica na distribuição dos cargos de técnico das diversas seleções nacionais? De que forma são monitorados os dados dos atletas ao longo de suas carreiras? Eles são repassados aos treinadores das categorias imediatamente posteriores? Por que o Brasil está apanhando da Argentina em todas as categorias no masculino, e vem sendo acossado pelo rival também no feminino? Como a seleção Sub-21 masculina não conseguiu classificação para o Mundial da categoria, em 2000, contando com jogadores como Nenê, Alex, Baby e Tiago Splitter?

Essa equipe conseguiu ficar em quarto lugar, atrás da República Dominicana, jogando em Ribeirão Preto...E o técnico depois chegou à seleção adulta. E o técnico que levou o Brasil ao vice-campeonato no Mundial da Croácia Sub-23 feminino, Paulo Roberto Bassul, sentindo-se desprestigiado pela CBB, desligou-se da equipe, porque Antonio Carlos Barbosa está entronizado no cargo de técnico da seleção adulta, apesar de ter perdido o respeito de muitas das jogadoras nos Jogos de Atenas. Qual é a lógica?

A lógica está dentro do insondável raciocínio de Grego, que conduz todos os assuntos afetos à CBB de forma autocrática, sem considerar critérios técnicos nem delegar funções importantes. É por isso que Paula e Hortência, que depois de encerrar carreira se prepararam para trabalhar no esporte, jamais foram devidamente aproveitadas pela CBB. Felizmente, estão contribuindo para a Nossa Liga.

As omissões de Grego, virtualmente eleito para um terceiro mandato à frente da CBB, configuram um triste amontoado de 12 trabalhos não feitos, e quem paga por isso é o basquete...


Fonte: BasketBrasil

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