sábado, 21 de janeiro de 2006

Filho inesperado revoluciona vida de Sílvia

Alessandro Lucchetti

Jogadora, que voltou a atuar apenas 15 dias depois do parto, já abre mão até de disputar o Mundial

São Caetano - A vida de Sílvia, a ala que jogou basquete até às vésperas de dar à luz, foi sacudida de alto a baixo pela chegada do filho Luis Fernando, em outubro. A jogadora disse que só tomou conhecimento da gravidez três dias antes do parto.

Sílvia já não sabe nem se poderá atender a uma eventual convocação para a seleção brasileira, que disputará o Mundial em São Paulo, em setembro. “As coisas terão de ser bem conversadas. Se o período de treinamentos antes do Mundial for muito longo, não poderei estar presente. Meu filho depende muito de mim ainda. A prioridade é ele”, afirma a atleta de 23 anos, que participou dos Jogos Olímpicos de Atenas e defendeu a seleção na Copa América, na República Dominicana, e nos amistosos realizados em 2005.

Luis nasceu com sete meses e pouco mais de 1kg. Por esse motivo, ficou dois meses e três dias na incubadeira. Uma das tias de Sílvia se mudou para a casa dela para cuidar do garoto, mas ele ainda dá bastante trabalho à atleta. Como ainda está amamentando o rebento, Sílvia treina apenas meio período na equipe do São Caetano/Limpol. O menino escolhe horários variados na madrugada para abrir o berreiro, mas Sílvia não reclama de nada. “É um trabalho bom. Estou acostumada e gosto dessa rotina”.

Mochila guardada

Involuntariamente, Luis vai contribuir para conter, ainda que minimamente, o êxodo de jogadoras para o Exterior. Das 12 atletas da seleção que jogou em Atenas, apenas Sílvia e a armadora Vivian, também do São Caetano, permanecem no Brasil. “Agora não dá mais para pegar a mochila e ir jogar lá fora. Quero ficar no país, com meu filho, o maior tempo possível”, enfatiza a ala.

Mesmo sem treinar adequadamente e com 70% da condição física, em sua própria avaliação, Sílvia é a cestinha do São Caetano no Nacional, com média de 12,3 pontos, atuando cerca de 25 minutos por partida. A jovem mãe, que desfruta da regalia de trabalhar fisicamente em uma academia perto de sua casa, voltou a jogar apenas 15 dias depois de dar à luz.

O técnico do time do ABC, Norberto da Silva, o Borracha, se impressiona com o esforço da jogadora. “A Sílvia é muito valente. Ela está levando uma vida de louca, mas vem conseguindo conciliar todos os compromissos. O que ajuda muito é a categoria dela. É uma jogadora talentosa”, elogia.


Fonte: Diário de São Paulo

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