sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

PAULA: A CBB pouco se lixa para o basquete feminino

SÃO PAULO - Agência Estado

Paula foi uma das maiores jogadoras de basquete da história. Na terça-feira, não esteve no sorteio do Campeonato Mundial Feminino de Basquete, que será disputado em São Paulo e Barueri, em setembro.

Nem ela nem Hortência, outra estrela internacional. “Não tive vontade de ir. Estaria fingindo, depois da maneira como fomos tratados, como bandidos, pela Confederação Brasileira de Basquete, quando decidimos fazer a Nossa Liga. Digo o que penso, o que sinto. E graças a Deus não sou irônica, como muita gente”, explicou Maria Paula Gonçalves, diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa do Ibirapuera.

A Nossa Liga de Basquete (NLB), presidida por Oscar Schmidt e que conta com o trabalho de Paula e Hortência, provocou um racha: a Confederação Brasileira de Basquete não reconheceu a liga independente e Gerasime “Grego” Bozikis, seu presidente, afirmou que atletas que jogassem por ela não seriam chamados para seleções. Então, clubes desistiram.

Paula diz que, pelo menos por enquanto, a NLB não poderia oferecer nenhuma recompensa financeira aos dirigentes. O objetivo maior era uma mudança de filosofia. “Muitas pessoas mostraram quem eram. Foi uma guerra nos bastidores. Fiquei aterrorizada, chocada. Fomos nós três ao programa da Ana Maria Braga na Globo, esperamos quase duas horas e fomos dispensados. Disseram que chamariam novamente. Faz seis meses. Ouvimos até de presidentes de outras Confederações ligando para pressionar dirigentes de clubes da Nossa Liga”, contou.

Paula diz que a CBB “pouco se lixa” para o basquete feminino, que sempre dependeu muito das próprias jogadoras, como assinala. “Agora, nem havia Campeonato Brasileiro Feminino, dinheiro para viagens, verba e tudo apareceu, depois da NLB”, contou. “Mas para uma competição de dois meses, jogadoras contratadas para isso, que vão fazer o quê nos outros dez meses? É só fachada, é ridículo. Pega-se um time de São Paulo, leva para Recife porque é bom politicamente? Fizemos a Nossa Liga não porque queríamos ser presidentes disso, daquilo, mas porque queríamos que o basquete melhorasse. Fomos de peito aberto, pensando em ajudar os clubes, os atletas. A modalidade está perdendo toda a força. E fomos tratados como marginais. Eu ia fazer o quê no sorteio do Mundial? Ficar de papagaio de pirata? Falei com a Hortência e ela me disse que não ia.” Paula continua: “Não fomos chamadas para fazer parte do projeto, aliás nem tem projeto. Para mim, o Mundial tinha de estar sendo preparado há quatro anos, desde quando o Brasil ganhou a sede. Mas falar isso é como falar de óvni..”A ex-jogadora não se conforma com a história do veto nas seleções brasileiras aos atletas da Nossa Liga. “Convocação era pela qualidade técnica? Pela performance.” Com tudo isso, Paula acredita que as garotas de seleção, hoje, para o Mundial, têm potencial e poderiam até chegar a uma final, “se o trabalho for bem feitinho”.

Mas o que está sendo feito? “Uma Confederação não pode ser administrada por três pessoas. O que vai acontecer? A seleção se reúne em maio, tem amistosos em datas e locais que convêm à CBB.. Vai se preparar jogo a jogo e se der sorte segue em frente. Se o time não se encontrar.. acontece como na Olimpíada de Atenas/2004. Não tem atualização, programa. O Barbosa (o técnico Antônio Carlos Barbosa) é meu amigo, gosto dele. Mas hoje o Paulo Bassul deveria estar no cargo. Até vou assistir a alguns jogos, mas comprando ingresso. Pagando do meu bolso.”

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