terça-feira, 23 de agosto de 2016

Apesar de hegemonia, técnico dos EUA vê basquete feminino crescendo

O sexto ouro consecutivo da seleção americana de basquete feminino foi, sem dúvidas, o desempenho mais dominante da equipe em seis ciclos olímpicos. Enquanto outros países que rivalizaram com elas na última década - como o próprio Brasil, Austrália e Rússia - caíram de nível com a transição entre gerações, os EUA apresentaram na Rio 2016 o que o treinador da Espanha, Lucas Mondelo, classificou como "versão feminina do Dream Team de 1992".
O cenário é assustador para quem pretende destronar as americanas no próximo ciclo olímpico, especialmente quando se pensa que apenas três veteranas - Diana Taurasi, Sue Bird e Tamika Catchings - devem se despedir da seleção antes de Tóquio 2020. Craques como Elena Delle Done e Brittney Griner estiveram apenas em sua primeira experiência olímpica, e outras como Maya Moore, Tina Charles e Angel McCoughtry ainda não chegaram aos 30 anos de idade e têm mais ciclos olímpicos pela frente. Apesar disso, o treinador dos EUA. Geno Auriemma, garante que o resto do mundo segue evoluindo, e que as antigas potências do basquete feminino podem ressurgir em breve.
- As coisas seguem em ciclos. É muito difícil permanecer num nível tão alto por muito tempo. Para cada Brasil que não está tão bem, o Canadá melhorou muito. Para cada Rússia que não é mais dominante agora, a Espanha esteve na final do Mundial e na final hoje. Talvez a Austrália tenha dificuldades; a Sérvia, um país tão pequeno, tem seus homens e mulheres nas finais. Esses países vão voltar - as russas de 18 anos foram fenomenais este ano, venceram o Mundial dessa idade. Há um ciclo. Neste momento, estamos num nível muito alto que talvez ninguém viu antes. Isso não é necessariamente porque eles pioraram, é porque o basquete feminino segue ficando mais forte nos EUA. Neste torneio, se você vir quantos jogos parelhos e com prorrogação tivemos, o fato de a Austrália ser o número 2 do mundo e foi eliminada (nas quartas), a França jogou na final em 2012 e perdeu para a Sérvia hoje... Muita coisa boa está acontecendo. Se você nos tirasse do torneio, esse teria sido um incrível torneio. Mas, infelizmente, não vamos a lugar nenhum (risos) - comentou Auriemma após a vitória dos EUA por 101 a 72 sobre a Espanha na disputa do ouro, no sábado.
Auriemma notou também que, nas categorias de base, as seleções de outros países fazem jogo duro com as americanas, e que é no nível adulto que a seleção dos EUA se distancia das demais. Este sucesso, ele atribui tanto à federação de basquete do país, quanto ao sistema universitário do qual faz parte como treinador da universidade de Connecticut.

- Nós temos a sorte de termos uma organização nos EUA comprometida em diversas formas, tanto emocionalmente quanto financeiramente... Há um tremendo comprometimento em conquistar medalhas de ouro, e isso é grande parte do nosso sucesso. Temos um sistema de basquete universitário que ajuda nossas jogadoras a evoluírem em quatro anos. Não dominamos tanto nos níveis de 17 e 18 anos. As jogadoras de base estão bem mais avançadas que as nossas americanas nessa idade, bem mais. Mas a experiência universitária as ajuda a se preparar, além de jogar no exterior e outras coisas.

Jogar no exterior: um detalhe citado por Auriemma que, para a veterana Sue Bird, também é crucial, e parte da diferença entre o domínio absoluto das mulheres americanas e a vantagem cada vez menor dos homens americanos para seus adversários. No basquete feminino, a temporada da WNBA dura poucos meses, e a maioria de suas jogadoras defende times europeus no restante do ano, enquanto no masculino, os jogadores da seleção dos EUA se ocupam com o desgastante campeonato da NBA por pelo menos nove meses, contando pré-temporada, temporada regular e playoffs.
- Acredito firmemente que as coisas mudaram no basquete feminino em termos de preparação para a experiência internacional. Se você voltar até 2002, 2004, as pessoas não iam tanto para o exterior como agora. Nós entrávamos naqueles torneios sem saber nada sobre as jogadoras, nem sobre os times, ou como pronunciar seus nomes. Agora, o técnico pode fazer a preleção no treino e já dizemos, "Sim, sim, é a Laia Palau, ela faz isso, aquilo, é canhota, etc". Sabemos tudo sobre essas jogadoras. Com isso, vem uma certa confiança para jogar contra este estilo. Em 2004, eu percebi que precisava ir para o exterior, ou ia ter dificuldades. Agora, todas vão para o exterior. Não há elemento de surpresa, que é algo que vemos com o time masculino. Eles não estão acostumados com esses árbitros, com isso. Para nós, é normal - explicou Bird.
Fonte: Globoesporte.com

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